Foto: Filme: "A garota da capa vermelha"
Texto: Wikipédia.
Uma menina conhecida como Chapeuzinho Vermelho,
atravessa a floresta para entregar uma cesta de pães de mel para sua
"Vovó" doente, mas a estrada se bifurca entre um caminho longo e
seguro e um caminho mais curto e perigoso. A menina toma o caminho curto, aonde
é vista por um lobo, geralmente chamado de Lobo Mau. Ele sugere que a menina
volte e tome o caminho longo, por segurança.Chapeuzinho segue o conselho do
lobo e volta atrás. Mas enquanto ela toma o caminho longo, o Lobo Mau segue
pelo caminho curto, chega à casa da Vovó, e a devora completamente.Então, se
veste com suas roupas e aguarda Chapeuzinho na cama da Vovó. Quando a menina
chega, nota a aparência estranha de sua avó, e tem o famoso diálogo com o lobo:
—Porque esses olhos tão grandes? Então ela é
respondida:
—Ó minha querida, são para te enxergar melhor
—Porque essas orelhas tão grandes?
—São para te ouvir melhor.
—E porque essa boca tão grande?
—É para te comer!!!
Nesse momento, a "avó" (que era o
lobo disfarçado), revela-se e devora Chapeuzinho, que grita assutada. Então, um
caçador que passava por ali, ouve os gritos, e encontra o lobo dormindo na
cama. O caçador então abre a barriga do lobo donde saem chapeuzinho e sua avó,
ilesas.
Chapeuzinho Vermelho é um conto de fadas clássico, de origem
europeia do século 14. O nome do conto vem da protagonista, uma menina que usa
um capuz vermelho. O conto sofreu inumares adaptações, mudanças e releituras
modernas, tornando-se parte da cultura popular mundial, e um das fábulas mais
conhecidas de todos os tempos.
A versão moderna mais conhecida
A História do Conto
As origens de Chapeuzinho Vermelho podem ser
rastreadas até por de vários países europeus e mais do que provavelmente
anteriores ao século 17, quando o conto adquiro a forma conhecida atualmente,
com a versão dos irmãos Grimm de inspiração. Chapeuzinho Vermelho era contada
por camponeses na França, Itália e Alemanha, sempre com um caráter muito
popular.
Charles Perrault
A versão impressa mais antiga é de Charles
Perrault, Le Petit Chaperon Rouge, retirada do folclore francês foi inserida no
livro Contos da Mamãe Gansa. A historia de Perrault retrata uma "moça
jovem, atraente e bem educada", que ao sair de sua aldeia é engana pelo
lobo, que como e velha e arma uma armadilha para a a menina que termina sendo
devorada, sem final feliz.Ele teve uma boa vida, mais acabou sendo preso por
matar Madonna. Essa versão foi escrita para a corte do rei Louis XIV,no final
do século 17, destinada a um público, que o rei entretinha com festas
extravagantes e prostitutas, que pretendia levar uma moral as mulheres para
perceberem os avanços de maus pretendentes e sedutores. Um coloquialismo comum
da época era dizer que uma menina que perdeu a virgindade tinha "visto o
lobo". O autor explica a moral da historia ao fim d conto nos seguintes
termos:
A partir desta história se aprende que as
crianças, especialmente moças jovens, bonitas, corteses e bem-educadas, não se
enganem em ouvir estranhos, E não é uma coisa inédita se o Lobo, desta
forma,(arranjar) o seu jantar. Eu chamo Lobo, para todos os lobos que não são
do mesmo tipo (do lobo da história), há um tipo com uma disposição receptiva -
sem rosnado, sem ódio, sem raiva, mas dócil, prestativo e gentil, seguindo as
empregadas jovens nas ruas, até mesmo em suas casas. Ai de quem não sabe que
esses lobos gentis são de todas as criaturas como as mais perigosas!
Os Irmãos Grimm
No século 19 duas versões da história foram
contadas a Jacob Grimm e seu irmão Wilhelm Grimm, a primeira por Jeanette
Hassenpflug (1791-1860) e a segunda por Marie Hassenpflug (1788-1856). Os
irmãos registram a primeira versão para o corpo principal da história e a
segunda em uma sequência do mesmo. A história com o título de Rotkäppchen foi
incluído na primeira edição de sua coleção Kinder-und Hausmärchen (contos
infantis domésticos (1812)). Perrault é quase certamente a fonte do primeiro
conto. No entanto, eles modificaram o final, introduzindo o caçador que abre a
barriga do lobo e tira a menina e sua avó; esse final é idêntico ao que no
conto O lobo e os sete cabritinhos, que parece ser a fonte. A segunda parte
contou com a menina e sua avó prendem e matando um outro lobo, desta vez
antecipando seus movimentos baseados em sua experiência anterior. A menina não
deixou o caminho quando o lobo falou com ela, sua avó trancou a porta para
mantê-lo fora, e quando o lobo se escondia, a avó manda Chapeuzinho colocar no
fogo uma panela com água que salsichas tinha sido cozido. O cheiro que sai da
chaminé atrai o lobo para baixo, e ele se afogou Os irmãos mais revisaram
novamente a história em edições posteriores até alcançar a versão final, acima
mencionada, e publica-la na Edição 1857 de seu trabalho.
Outros Autores
Andrew Lang incluiu uma variante como "A
Verdadeira História do Chapeuzinho Dourado" em O Livro Vermelho de fadas ,
derivado da obra de Charles Marelles, em Contos de Charles Marelles . Esta
variante dizia explicitamente que a história havia sido mau contada. A menina
foi salva, mas não pelo caçador, quando o lobo tentou comer ela, sua boca foi
queimada pelo capuz de ouro que ela usava, que ficou encantado.
James N. Barker escreveu uma variação de Chapeuzinho
Vermelho em 1827 como uma história de cerca de 1000 palavras. Mais tarde foi
reimpresso em 1858 em um livro de histórias coletadas editada por William E
Burton, chamado de Enciclopédia de Inteligência e Humor. A reimpressão também
apresenta uma gravura em madeira de um lobo vestido de joelhos segurando a mão
de Chapeuzinho Vermelho.
No século XX, a interpretação do conto foi
muito popularidade, com muitas novas versões sendo escrito e traduzidas,
especialmente na esteira da análise freudiana, desconstrução e teoria crítica
feminista. Esta tendência também levou a uma série de textos acadêmicos sendo
escrito que se concentram em Chapeuzinho Vermelho, incluindo obras de Alan
Dundes e Zipes Jack.
Depois, quando a historia já tinha um forte
caráter infantil, o XXI, trouxe ainda novas versões: a irreverência e o deboche
em Dalton Trevisan, os desenhos de Maurício de Sousa atraindo o público mais
infantil, Neil Gaiman impressionando seus leitores ao expôr uma
Capuchinho/Chapeuzinho indiferente a morte da vó pelo lobo, e Deu a louca na
Chapeuzinho, filme de 2005 com paródia dos personagens.
Guimarães Rosa, em Fita verde no cabelo, traz
uma versão para adolescentes. Ela vai desde o fluxo das fantasias de uma jovem
até o momento em que se defronta com a morte de sua avó, sendo desta forma,
obrigada a enfrentar seus medos, angústias e solidão. Chico Buarque faz uma
paródia, Chapeuzinho Amarelo, para o público pré-adolescente.
Em 2005, Ivone Gomes de Assis publicou
Bonezinho Vermelho e a internet no século XXI, uma releitura parodiada, que
traz as tendências da mídia virtual. Nesta obra ilustrada, a vovozinha é uma
hacker, que se disfarça até nas preferências do cotidiano, afirmando não gostar
de nada que é tecnologia. A figura "feia" da vovó tenta quebrar o
mito que muitos carregam ao pensar que a voz e a escrita, suave e gostosa, dos
participantes de chats, sempre pertencem a pessoas bonitas e cheias de boa
intenção. É uma obra bilingue, para crianças e adultos.
Hilda Hilst, também contribui no estudo deste
conto, com a divertida paródia A Chapéu, publicada na obra Bufólicas. A autora
recria uma Chapeuzinho cafetina do Lobo.
Em março/2011, a WarnerBros lançou Red Riding
Hood (A Garota da Capa Vermelha no Brasil e A Rapariga do Capuz Vermelho em
Portugal), com direção de Catherine Hardwicke e roteiro por David Leslie
Johnson, no filme a historia é abordada de modo sombrio e o lobo é
dissubstituído por um lobisomem, como nos contos mais medievais.
Interpretações
Além da advertência ostensiva sobre falar com
estranhos, há muitas interpretações do conto de fadas clássicos, muitos deles
de cunho sexual.
Despertar Sexual
Chapeuzinho Vermelho tem sido visto como uma
parábola da maturidade sexual. Nesta interpretação, o manto vermelho simboliza
o sangue do ciclo menstrual, enfrentando a "floresta escura" da
feminilidade. Ou a capa poderia simbolizar o hímen (versões anteriores do conto
geralmente não afirmam que o manto é vermelho). Neste caso, o lobo ameaça a
virgindade da menina. O lobo antropomórfico simboliza um homem, que poderia ser
um amante sedutor, ou predador sexual. Isso difere da explicação ritual em que
a entrada na idade adulta é biológica, não socialmente determinada. Essa
conotação sexual é muito forte, porem velada, nos antigos contos medievais.
Ataques de Lobos
O Etólogo Geist Valerius da Universidade de
Calgary , Alberta, EUA escreveu que a fábula foi baseada em risco real de
ataques de lobo na época. Ele argumenta que os lobos eram de fato perigosos
predadores, e fábulas serviam como uma advertência válida para não entrar em
florestas onde era conhecido para que os lobos viviam, e estar a olhar para
tal. Essa interpretação tem o respaldo dos muitos ataques de lobos frequentes
em regiões campestres da França, aonde a historia era frequentemente contada.
Os ciclos Naturais
Em termos de mitos solares e outros ciclos de
ocorrência natural, o capuz vermelho pode representar o sol brilhante que é, em
última análise engolido pela noite terrível (o lobo), e as variações em que ela
é cortada da barriga do lobo representam o amanhecer. Nesta interpretação, há
uma conexão entre o personagem Lobo Mau e Skoll, lobo do mito nórdico que vai
engolir o Sol personificado em Ragnarök, ou Fenrir. Nesse mito nordico o Deus
Thor se veste de mulher e é levado por Loki no lugar da deusa Fenrir, para
enganar o o grande lobo Skoll.
Ritual
O conto tem sido interpretado como um ritual de
puberdade, decorrentes de uma origem pré-histórico (às vezes uma origem
decorrente de uma era matriarcal anterior). A menina, sai de casa, entra em uma
liminar e passando pelo atos do conto, é transformada em uma mulher adulta pelo
ato de sair da barriga do lobo. Ou ainda como um renascimento, mas assim
adquirindo uma visão mais crista. A menina que insensatamente ouviu o lobo
renasceu como uma nova pessoa ao ser salva da barriga dele. Havendo ai um
paralelo com o a narrativa biblíaca em que Jonas consegue ressurgir com vida de
dentro da barriga de um Grande Peixe.
Os dois Caminhos
No começo da história a protagonista pode
escolher entre um caminho longo e seguro e um caminho rápido e perigoso. Fica
então evidente um arquétipo cristão de moralidade, aonde a menina escolhe um
caminho que vai lhe levar de encontro a fera do lobo, ao invés de perseverar na
segurança do caminho longo. Essa seria uma moral essencial das fábulas em
geral, aonde o protagonista é levado a fazer uma escolha entre a virtude e
desafio, ou o vício e o aparente atalho que este parece oferecer.